Até que gosto de música. Mas nunca pra correr. Portanto, quando estou sem companhia no treino - o que é frequente - no silêncio da rodagem dos kilometros passo a divagar sobre textos lidos, levanto hipóteses, construo teses, no que certamente deva ser um traço de loucura.
Após a maratona de Curitiba, este texto do poeta Manoel de Barros não me sai da cabeça. E para você, ele faz sentido?
Após a maratona de Curitiba, este texto do poeta Manoel de Barros não me sai da cabeça. E para você, ele faz sentido?
Naquele dia, no meio do jantar, eu contei que
tentara pegar na bunda do vento — mas o rabo
do vento escorregava muito e eu não consegui
pegar. Eu teria sete anos. A mãe fez um sorriso
carinhoso para mim e não disse nada. Meus irmãos
deram gaitadas me gozando. O pai ficou preocupado
e disse que eu tivera um vareio da imaginação.
Mas que esses vareios acabariam com os estudos.
E me mandou estudar em livros. Eu vim. E logo li
alguns tomos havidos na biblioteca do Colégio.
E dei de estudar pra frente. Aprendi a teoria
das idéias e da razão pura. Especulei filósofos
e até cheguei aos eruditos. Aos homens de grande
saber. Achei que os eruditos nas suas altas
abstrações se esqueciam das coisas simples da
terra. Foi aí que encontrei Einstein (ele mesmo
— o Alberto Einstein). Que me ensinou esta frase:
A imaginação é mais importante do que o saber.
Fiquei alcandorado! E fiz uma brincadeira. Botei
um pouco de inocência na erudição. Deu certo. Meu
olho começou a ver de novo as pobres coisas do
chão mijadas de orvalho. E vi as borboletas. E
meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam
o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no
corpo...
"Soberania" - texto do poeta Manoel de Barros extraído do livro (caixinha) "Memórias Inventadas - A Terceira Infância", Editora Planeta - São Paulo, 2008, tomo X, com iluminuras de Martha Barros.
Po Cesinha eu viajo nas músicas agora, sou ruim para escrever...rsss...Legal essa sua mania com certeza lhe estimula a correr melhor.
ResponderExcluirBons treinos,
Jorge Cerqueira
www.jmaratona.com
Texto show esse...
ResponderExcluirEste te u post me fez pensar sobre o assunto. O que eu penso quando corro? É verdade que se não corremos com música os pensamentos nos veem à mente mais rápido do que as pernas podem acompanhar..
No meu último treino lembro de ter pensado em chegar em casa rápido, porque após precisa encontrar minha esposa, lanchar, ir trabalhar... hehehe mil coisas...
Mas gostei do exercício vou brincar com isso!
Grande abraço
Cesinha,
ResponderExcluireu também não ouço música nos treinos, já abandonei meu ipod há tempos. Interessante essa reflexão. Acho que ver o mundo com um pouco mais de inocência e imaginação deve ser um exercício muito bom. Permite revisitar os mesmos lugares, com outro olhar. Vou tentar fazer o exercício.
abraço,
Sergio
corredorfeliz.blogspot.com
Jorge,
ResponderExcluirNa verdade queria correr em 'silêncio' mas não consigo. Tenho uma mente irriquieta e os pensamentos vem e vão...
Abs,
Cesinha
Tiago,
ResponderExcluirIsto mesmo. Alterno pensamentos em coisas simples, cotidianas com pensamentos mais sofisticados. Quase semprenão lembro a metade das teses construídas. É quase uma cartase...
Abs,
Cesinha
Sergio,
ResponderExcluirDesde que conheci a obra do Manoel de Barros me encantei. Sua invencionice de palavras a la Guimarães Rosa é fantástica. E sobre o texto, por vezes, sofisticação estética e intelectual mais atrapalham que ajudam. Retomar a simplicidade, este é o caminho...
Abs,
Cesinha
Olá...
ResponderExcluirAchei seu blog pelo do Sérgio...Já estou seguindo....rs...Também tenho um blog de corridas, o JUST RUN! Se quiser, dá uma passadinha por lá pra conhecer e ese gostar, seja um seguidor...
abraços e ótimos treinos
www.lucy-justrun.blogspot.com
Luciane,
ResponderExcluirObrigado pela visita. Visitarei seu blog, com certeza.
Abs,
Cesinha
Que lindo! Muito bom.
ResponderExcluirAlessandra,
ResponderExcluirObrigado. O mérito é todo do Manoel.
Abs,
Cesinha
oi
ResponderExcluirAdorei o seu blog. Parabens! Luciana